domingo, 22 de junho de 2014

Preparação: treinos e equipamento

Semana -49

     Faltam 49 semanas para o Ironman Brasil Florianópolis e essa semana foi de treinos regenerativos. Isso quer dizer: treinar com intensidade bem mais moderada, sem se preocupar tanto com tempo ou distâncias percorridas e muito mais em manter a frequência cardíaca dentro dos limites estipulados.
     Semana de descanso, mas não quer dizer de treinos "meia-boca".  A performance esportiva é baseada em três pilares: treinamento, alimentação e descanso. E cada um desses pilares é responsável por cerca de 33% do resultado final. Isso é, na minha opinião, uma das coisas mais difíceis de entender/ respeitar afinal a vontade é de ser sempre melhor do que no treino anterior, de sempre dar 100 ou 110% e não de "puxar o freio de mão" e ir mais devagar. Porém são justamente essas semanas regenerativas que nos permitem melhorar do próximo período de treinos.
     Mas essa semana não foi só de treinos. Foi também de ajustes nos equipamentos para a prova. Apesar de quase todos os equipamentos necessários já estarem ajustados e em uso, estava faltando um "wet suit" para realizar a prova. Entre as diversas marcas do mercado, optei por adquirir um da marca TYR. Acredito que seja uma roupa de boa qualidade, que limita pouco os movimentos e que tem uma relação custo X benefício muito boa. Depois de escolhida, roupa encomendada e essa semana ela chegou. Agora é só testar e para isso preciso de algum lugar com águas abertas... aceito sugestões.
     Semana passada a limpo, amanhã recomeçam os treinos intensos... e ainda tem jogo do Brasil. Boa sorte Brasil e bora lá treinar...

terça-feira, 17 de junho de 2014

Aprendendo a ouvir o corpo

50 semanas e contando...

     Semana passada foi semana de abertura da copa e no dia da estréia do Brasil acordei cansado demais. A semana de treinos foi pesada e estava acabado. Conversei com o chefe Roy Siqueira (meu coach... responsável pelos meus treinos) e decidimos que era melhor não treinar aquele dia.
     Essa é uma dúvida que já percebi ser muito comum entre os atletas amadores: devo respeitar sempre a planilha de treinos ou devo ouvir meu corpo? As opiniões podem até divergir um pouco, mas a grande maioria dos técnicos e atletas de elite irão responder: escute seu corpo, não ultrapasse seus limites. E dai vem um complemento: converse com seu técnico para que ele possa entender o que está acontecendo e adequar melhor sua planilha.
     De uma dúvida simples (ir treinar ou descansar) já surge uma segunda: ter uma técnico/ assessoria esportiva ou treinar por conta? E a primeira dúvida ainda ficou no ar, sem resposta: ir ou não ir treinar cansado?
     Existe uma frase que eu gosto muito: "um maratonista vai dormir cansado e acorda cansado" (um triatleta também... (risos)). Todos os dias estamos ou estaremos cansados e vamos ou iremos treinar cansados. Existe porém uma linha, muitas vezes tênue, entre cansaço e fadiga. E é ai que está o segredo: descobrir se você está só cansado ou se você está fadigado. Treinar cansado é normal, treinar fadigado é flertar com over training, lesões, redução da imunidade, etc.
     Acho terrível ouvir que temos que conhecer nosso corpo e sermos honestos conosco sobre cansaço e preguiça. Putz, já parto do princípio que um triatleta amador é tudo menos preguiçoso. Treinar dois períodos do dia e ainda trabalhar... não dá pra ter preguiça. Geralmente o problema é outro: cansaço e neura em cumprir a planilha (pelo menos eu sou assim). E não é muito útil descobrir que era fadiga porque teve espasmos musculares durante o treino, porque ficou gripado na semana seguinte a uma semana forte ou, pior, teve uma lesão mais séria.
     Detectar fadiga é razoavelmente simples. Os dois primeiros sinais de são: aumento da frequência cardíaca de repouso e dificuldade em dormir. A maioria dos atletas mantém (ou deveria manter) um registro de seus dias de treino, distâncias programas e realizadas e coisas do gênero. Acrescentar a esses registros a frequencia cardiaca ao acordar e como foi a qualidade do sono na noite anterior é simples e uma ferramenta extremamente útil para evitar o over training. Caso a frequência cardiaca de repouso esteja consideravelmente mais alta que o habitual (mais que 10%) ou/e a qualidade do sono tenha diminuído talvez seja interessante repensar o treino do dia. Mudar para um regenerativo ou algo parecido... ai entra a assessoria esportiva.
     Acredito que ter uma assessoria esportiva é vantajoso em diversos pontos em ralação a "treinar por conta", mas dividir com seu técnico a responsabilidade de decidir sobre "se dar" um day off a mais é, para mim, incrível por tirar o peso da consciência por não ter treinado aquele dia. Assim, se decidir treinar com uma assessoria esportiva, faça sua escolha com inteligência. Para valer a pena tem que ser algo realmente individualizado (nada de planilhas pré elaboradas, aonde você se adequa a planilha e não ao contrário. Para isso, basta pegar uma planilha numa revista por ai...) e com liberdade de contato e também rapidez de resposta. Muitas vezes as decisões e adequações do treino tem que ser tomadas em questão de minutos e não dá para esperar alguém te responder no dia seguinte!
     Ah, o resultado do meu "day off" a mais: terminei a semana treinando super bem e comecei essa melhor ainda!!!!!!
      


domingo, 8 de junho de 2014

A batalha da inscrição

Fazer um Ironman é um desafio. Lançar-se na idéia de nadar 3,8 km, pedalar 180 km e depois correr outros 42 km exige determinação. Acontece que, dependendo da prova escolhida, o desafio tem uma outra etapa: a inscrição! 
No caso da prova de Florianópolis, essa etapa começa cerca de um ano antes da prova e se não é tão extenuante fisicamente, é emocionalmente... Em 2014 as 2000 vagas se esgotaram em cerca de 20 minutos. 
Conversando com um grande amigo e trocando idéia com outros triatletas percebi que tinha que ficar preparado pois seria uma "batalha".
As inscrições seriam abertas dia 05 junho as 11:00 (horário de Brasília) e eu comecei a me preparar uma semana antes: criei um "buraco" na agenda do consultório das 10:45 as 11:20h. Compromisso: inscrição para o IM Florianópolis. Depois me cadastrei e preenchi todos os dados pessoais nos dois sites que fariam as inscrições e, para garantir, em um deles fiz dois "login" diferentes: pelo Facebook e por email. (E cometi meu primeiro erro... Já explico porque).
Na quinta-feira levei meu laptop para a clínica assim teria 2 computadores disponíveis para me inscrever. As 10:45 liguei o laptop enquanto o desktop já estava todo pré configurado, com dois navegadores abertos e conectados nos dois sites. Número do cartão de crédito, nome, data de vencimento e código de segurança já digitados no editor de texto: seria só dar Control+C e Control+V  (no meu caso, Command+C e Command+V porque estava usando Mac) e não perder tempo digitando caso não conseguisse fazer a inscrição via boleto (existem essas duas opções: cartão de crédito ou boleto bancário, em sites diferentes).Também entrei em contato com a operadora do cartão de crédito pré autorizando uma compra que seria fora do meu perfil habitual... Estava preparado para a batalha.
Primeira baixa: o laptop. Infelizmente não consegui logar com o laptop (tentar com mais que um computador me parece perda de tempo). 
Alguns segundos depois das 11:00 as inscrições abriram. O site das inscrições via boleto já fora do ar e 9000 pessoas logadas no outro. Fiz tudo muito rápido e quando fui confirmar... segunda baixa: apareceu uma mensagem de risco de segurança na minha conta informando que ela estava comprometida e que eu teria que confirmar alguns dados por email! "Como assim, confirmar por email? Em 10 minutos acabou tudo...". Fechei todos os navegadores e fiz login no site APENAS via Facebook e tentei novamente. Deu certo (fazer login por duas vias diferentes (Facebook e email) provavelmente gerou a mensagem de comprometimento de segurança já que o CPF é o mesmo). 11:08 minutos e eu estava na fase do Command+C, Command+V. Tudo feito, enviar e... "Infelizmente seu pagamento foi recusado pela operadora do cartão de crédito". Freqüência cardíaca a uns 170 e, enquanto só não chamava a operadora do CC de santa, celular ligando para o raio da operadora e, enquanto chama vou checando os dados do cartão... Na terceira linha: data de validade e um menu drop down para escolher... Command+C, Command+V não funcionam aqui... Desliga o celular, corrige a bobagem (desculpa ai galera do cartão), 11:15h, clica em "enviar" já com muito pouca esperança e... bom, se estou montando esse blog deu para imaginar o fim da história né? 

"Registration Confirmation for:
Dear Ricardo,
Congratulations! You are now registered for Ironman Brasil Florianopolis 2015. Please check the event's official website for updates:http://www.ironmanbrasil.com.br
Congratulations for your registration on IRONMAN BRASIL FLORIANOPOLIS 2015.".
Apesar de alguns boatos de que as inscrições acabaram com 8 minutos, fiz a minha as 11:16h.
 Primeira etapa cumprida!! Agora manter o foco nos treinos é na preparação do equipamento para a prova!


Como isso (re)começou

Iniciando hoje o relato desse projeto que é completar meu primeiro Ironman.

E essa história começou em meados de 1995 quando um amigo meu (hoje médico, na época estudante de medicina como eu) me instigou a começar a praticar triathlon. Eu gostei da idéia pois teria mais chances de praticar o esporte que sou apaixonado: ciclismo.

Sempre gostei de esportes de resistência e coloquei como meta inicial realizar a prova mais longa disponível no calendário nacional na época: o Ironman 70.3 (na época chamado de 1/2 Ironman) de Porto Seguro. Me preparei muito mal para a prova, treinando sem acompanhamento e realizando os treinos da maneira que eu achava correto: priorizando muito volume.
 Treinei de setembro de 1995 a maio de 1996. Nesse período participei apenas de uma prova (Triathlon Internacional de Santos, quando tive a oportunidade de conhecer a lenda do triathlon, Mark Allen) e fui encarar o desafio de fazer meio Ironman.

A prova foi dura e serviu de aprendizado. Terminei com muito sofrimento e percebi que um técnico seria fundamental se eu realmente quisesse completar um Ironman. Algum tempo depois comecei uma parceria com uma pessoa que me ensinou muito sobre o esporte e foi responsável por uma grande evolução nas três modalidades, mas principalmente na minha corrida. O Prof Eduardo Santos (hoje na Irlanda) foi fundamental na minha evolução como esportista.

Em 1997 a prova em Porto Seguro teve 2/3 das distâncias de um IronMan e eu preferi não participar, afinal em 1998 a prova seria nas distâncias de um Ironman e esse era meu objetivo. Além disso, em 1997 eu estava no primeiro ano de residência médica em Clínica Médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP e foi um ano de muito trabalho. Apesar disso os treinos continuaram em ritmo fantástico e de maneira muitas vezes incomum (levava meu rolo de treinamento e bike para o hospital para fazer os treinos no intervalo do almoço).

Finalmente chegou 1998, iniciando a residência em Nutrologia também no Hospital das Clínicas da FMRP - USP e com inscrição já feita para o Ironman de Porto Seguro. Eu era um dos 300 (sim, trezentos) inscritos para a prova e treinava o máximo que podia. Meu objetivo era simples: fazer a melhor prova possível!

Na fase final dos treinamentos, em uma segunda feira, dia 20/04/1998 (faltava 1 mês para a prova), fui fazer um treino de pedal solto (40 k de giro) e, no meio do treinamento, fui atropelado por um motorista imprudente. Resultado: diminuição do espaço entre a 5a e 6a vértebras cervicais, fratura na mão direita, corte profundo no lábio e uma contusão na coxa esquerda. Assim, meu sonho de fazer o Ironman se foi junto daquele carro. No retorno aos treinos me vi acompanhado de uma série de lesões e acabei desistindo de competir.

Meu envolvimento com o esporte competitivo passou a ser como médico nutrólogo de atletas. Pessoas que posso dizer que ajudei a realizar suas metas e projetos.

Em 2010 conheci minha esposa e em junho de 2013 reencontrei um grande amigo, agora médico ortopedista e que continuava sendo triatleta (sim, aquele do começo post…) que, novamente, me instigou a treinar. E minha esposa, além de apoiar a idéia, veio junto: começou a treinar também. E aqui estou eu, de volta ao esporte apaixonante que é o triathlon. Meu objetivo não mudou: quero fazer um Ironman. Agora o foco é total na prova de Florianópolis em 2015 e semana que vem começa a primeira etapa: conseguir fazer a inscrição! Espero passar por esse primeiro obstáculo!!!